Espaço, lugar, acontecimento: muitos termos e teorias já foram construídos para apreender o que é a arquitetura, o construir por excelência, e ler o espaço construído. O conceito de atmosfera tem tomado forma, quase paralelamente, em literatura e arquitetura, e implica várias acepções relativamente distintas. O conjunto a seguir torna-se um possível verbete para os dicionários de arquitetura, feito à maneira de uma colcha de retalhos – no caso, de acepções.
ATMOSFERA:
1. Aquilo que é transmitido, depreendido a partir de uma obra de arquitetura.
2. Ambiente, clima, estados de espírito causados no usuário por um edifício.
3. Tensão que envolve os habitantes de um espaço.
4. Blocos de afectos e perceptos contidos em um ambiente, que podem ser destrinchados e elaborados pelo texto sobre arquitetura.
5. Qualidade “erótica” do espaço, que permite a ao crítico de arquitetura tornar-se uma espécie de coautor também, junto com o arquiteto.
6. Harmonização de um espaço com seu habitante, que pode gerar efeitos de acolhimento, sedução, repulsa etc.
7. Presença, vibração, cercamento com realidades materiais do espaço que têm um impacto físico no corpo humano, e não apenas interpretativo ou intelectual.
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* As acepções acima foram elaboradas a partir da leitura e reflexões sobre escritos de: Peter Zumthor; Walnice Nogueira Galvão; Antonio Candido; Jacques Rancière; Flávio Carneiro; Ignasi de Solà-Morales; Hans Ulrich Gumbrecht. Cf. bibliografia do trabalho.
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