30 de mar. de 2011

"A ARQUITETURA PRECISA DESSE OLHAR ESTRÁBICO PARA SER ENTENDIDA CABALMENTE"

"Poucas disciplinas têm maior impacto nas transformações da cultura, da vida social e econômica que a arquitetura. E, no entanto, as versões mais habituais de sua crítica e historiografia têm se empenhado em fazer dela um universo ensimesmado, esotérico, perdendo toda relação complexa com o mundo. Uma dupla perda, na verdade: não só daquilo que a arquitetura oferece como marco material e simbólico na orientação da sociedade no tempo e no espaço, mas também da dimensão propriamente cultural que adensa a disciplina e faz dela um termômetro tão sensível dos conflitos de sua época.

Warchavchik: Fraturas da vanguarda busca, em primeiro lugar, repor essas pontes, reconstruir os mais diversos contextos em que a arquitetura se intersecta e vai ganhando inteligibilidade; busca encontrar um novo lugar para o historiador da arquitetura como historiador da cultura. Mas um lugar que, por sua vez, também permite indagar melhor o mais especificamente arquitetônico, já que, heterotópica por excelência, a arquitetura precisa desse olhar estrábico para ser entendida cabalmente."

[Adrián Gorelik, "Apresentação" a José Lira, Warchavchik: Fraturas da vanguarda. São Paulo: Cosac Naify, 2011, p. 21.]

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